Caros
Amigos,
Nesta triste história, os Comandantes aparecem como a fonte de todos os males. E por causa da inqualificável greve que desastradamente protagonizaram, a TAP irá passar as mais sérias sevícias, reestruturações, despedimentos, privatização e, sabe-se lá, talvez a falência.
Aproveitem esta greve, Senhores.
Hoje adicionei um excerto sobre o Carlos Parreira
ao site do livro ( www.correiodearc.wix.com/terra ),
ao blog (http://terraleve.blogspot.pt/ )
e ao facebook (www.facebook.com/terraleve).
Antes de vos
falar sobre o vilão do meu livro, deixem-me falar de outros personagens, estes de carne e osso.
A greve dos pilotos da TAP
está no sétimo dia, com pouquíssima adesão, imensa publicidade negativa e a vida de muitos passageiros ficou
complicada.
Infelizmente nos últimos meses tem-se quebrado o vínculo de confiança entre empresa e uma data de gente
e agentes. É mais ou menos como no casamento: quando o tal vínculo de confiança é quebrado, tudo fica muito mais difícil. Normalmente entra-se num beco sem saída.
Agora há gente que olha para o bilhete que comprou e pensa se haverá TAP até à data do seu voo. Havendo, se
haverá nova greve ( de Comandantes, de técnicos de cabine, de manutenção ou sei
lá eu quem mais poderá fazer greve )
Nesta altura muitos arrependem-se ter comprado o bilhete na TAP e desconfio que as vendas da empresa estejam em grande depressão e a precisar urgentemente de psicanálise.
Nesta triste história, os Comandantes aparecem como a fonte de todos os males. E por causa da inqualificável greve que desastradamente protagonizaram, a TAP irá passar as mais sérias sevícias, reestruturações, despedimentos, privatização e, sabe-se lá, talvez a falência.
Pelo menos é o
que diz bem alto uma data de gente nas televisões, rádios e jornais.
Oh! Que formosa aparência tem a falsidade!
(bem, quem escreveu isto foi Shaskespear no século 17.
Pelos vistos, mantém-se actual).
Oh! Que formosa aparência tem a falsidade!
(bem, quem escreveu isto foi Shaskespear no século 17.
Pelos vistos, mantém-se actual).
Aproveitem esta greve, Senhores.
Descarreguem na
TAP a vossa fúria justiceira.
E já agora, não se
esqueçam de lavar as vossas culpas.
Porque ao fim e
ao cabo o Verão de 14 nem chegou a acontecer.
Em bom rigor, meus caros, todo o ano de 2014 foi uma fantasia que não mereceu grande repúdio da vossa parte.
Verdade?
Mas a maldita greve dos comandantes, não.
Gritem, acusem e entoem bem alto o vosso sentir perante esta estúpida greve.
É que ela vem mesmo a calhar, amigos.
É o tal bode que expia muitos pecados.
E certamente justificará as cenas dos próximos capítulos.
Em bom rigor, meus caros, todo o ano de 2014 foi uma fantasia que não mereceu grande repúdio da vossa parte.
Verdade?
Mas a maldita greve dos comandantes, não.
Gritem, acusem e entoem bem alto o vosso sentir perante esta estúpida greve.
É que ela vem mesmo a calhar, amigos.
É o tal bode que expia muitos pecados.
E certamente justificará as cenas dos próximos capítulos.
“Cada um dos flocos de neve de uma avalanche
declara-se não culpado.”
(Stanislaw Lec)
Hoje adicionei um excerto sobre o Carlos Parreira
ao site do livro ( www.correiodearc.wix.com/terra ),
ao blog (http://terraleve.blogspot.pt/ )
e ao facebook (www.facebook.com/terraleve).
Contrariamente
ao que acontece no meu livro anterior (Uma questão de bonecas) o
assassino é conhecido desde o início. Em boa verdade, logo no
primeiro capítulo.
O
Carlos Parreira foi o personagem que mais trabalho me deu a
caracterizar. Acreditem que não é nada fácil tentar entrar na
mente de um monstro, perceber as suas motivações e imaginar as
macabras depravações que alimentam o seu existir. O Carlos Parreira
obrigou-me a um longo (e penoso) processo de documentação.
A
escrita teria sido muito mais crua (e acreditem que já é muito
penosa) não fosse a sensibilidade da minha filha colocar um travão
na minha mente depravada (e quem disse que não há censura??). Mas
talvez tenha sido melhor; de outra forma os meus amigos ainda
começavam a olhar-me de lado. E mesmo assim...
No
final da escrita, acredito ter conseguido construir um personagem
repulsivo , mau e, o que é mais preocupante, retratar uma pessoa plausível.
Sei que o Carlos Parreira irá chocar a sensibilidade de muitos
leitores mas… trata-se de um monstro, percebem? O tipo é um
sádico, um assassino, um psicopata.
Não há forma de suavizar
a descrição da maldade humana (sem resvalar para o ridículo). Daí
a crueza deliberadamente empregue “na fala” do Carlos Parreira, apesar de saber que tal vos irá chocar. Aliás, a Editora irá colocar um aviso na capa do livro, alertando para a passagem de algumas partes de leitura francamente violenta.
(decididamente irei ser visto com outros olhos depois de terem lido o livro...)
Confesso que tive alguma dificuldade em escolher um excerto da fala do Carlos Parreira para colocar neste "post". Optei por uma das passagens mais softs. Deixo as emoções fortes, muito fortes mesmo, para a leitura da obra. Quem for sensível, já sabe; quando chegar um capítulo do Carlos Parreira, não leiam. Não quero que fiquem mal dispostos com a leitura da obra... Passem ao capítulo seguinte sem ler. O homem é mesmo mau e as descrições são muito realistas.
Confesso que tive alguma dificuldade em escolher um excerto da fala do Carlos Parreira para colocar neste "post". Optei por uma das passagens mais softs. Deixo as emoções fortes, muito fortes mesmo, para a leitura da obra. Quem for sensível, já sabe; quando chegar um capítulo do Carlos Parreira, não leiam. Não quero que fiquem mal dispostos com a leitura da obra... Passem ao capítulo seguinte sem ler. O homem é mesmo mau e as descrições são muito realistas.
Hoje estou
muito solidário, amigo e preocupado convosco. Por isso permitam-me um conselho
a todos aqueles que gostam de "Caruso". Ouçam-na agora. Deliciem-se com a melodia e com a fantástica interpretação de Luciano Pavarotti, por exemplo. Aproveitem
enquanto é tempo. Depois de lerem o livro, estou certo que a música soará diferente
e, pior, irão recordar as mais negras passagens do livro.
Para quem não conhece
esta música tão bonita, é só clicar na imagem:
Até
na escolha da fotografia o homem se revelou difícil. O rosto
que coloquei na página dele é o de um assassino (eu repiso: um
assassino de verdade). Mergulhei no fantástico mundo do Google e fui
parar à lista dos assassinos mais procurados dos EUA. Foi lá que
encontrei o rosto do “meu” Carlos Parreira. O pormenor das fartas
sobrancelhas que se unem junto à cana do nariz é uma “private
joke” só para alguns ( infelizmente não consegui encontrar um rosto assim). Tal como a cena do tipo a estrangular
lentamente um adorável gatinho com manchas brancas e negras (outra "private joke" para um certo Tobias Belindo Rebola que eu cá sei).
Quanto
à musica foi tarefa bem mais fácil. Basicamente foi ela que
veio ter comigo. Estava eu calmamente a ouvir o Hotel Babilónia
quando o João Gobern diz para o
Pedro Rolo Duarte: e esta, o que achas deste tipo? Eu ouvi e…
encontrei a sonoridade certa. Trata-se de Nick Cave em “Push
the sky away”.
Podem
consultar a página do Carlos Parreira em:
Escrevo
algo que não me canso de sublinhar: utilizem umas boas colunas
ou uns auscultadores. Há imensa música no site e, francamente,
o som dos PCs, tablets, etc, é francamente mau (horrível, mesmo).
Caso
gostem deste site e do que estão a ler,
divulguem pelos vossos
amigos. É a única forma
de um desconhecido autor chegar a um
público
mais vasto. Os endereços são:
ou
E
pronto, amigos. Em breve estarei aqui para vos falar sobre o
Anselmo Munguambe.
Vejam aqui a música que me inspirou na escrita do personagem Carlos Parreira.
(Nick Cave, Push the sky away )
Capítulo
01
UM
ANO PARA O FIM
CARLOS
PARREIRA
LUANDA
Terça-feira,
08 de dezembro de 2015, 22h30
Depois
de intermináveis sessenta e três minutos encurralado num pequeno
avião a necessitar de urgente manutenção, Carlos aterrou em
Luanda, em trânsito para Lisboa. Estava sentado há demasiado tempo
num banco de plástico que ameaçava a todo o momento partir-se em
mil bocados. Obrigara-se a não olhar uma vez mais para o relógio.
Detestava multidões, e aquele maldito aeroporto estava a abarrotar
de gente. Tentava ocultar a raiva que lhe ia crescendo no peito;
forçou a respiração a voltar ao normal e ordenou à mente que
vagueasse para pensamentos positivos.
Ter
de negociar o sistema de videovigilância da Elad, a empresa de
lapidação de diamantes, não o alegrava, mas tinha de aguentar. Era
por causa dessa reunião que ia a Lisboa. Refez o raciocínio:
oficialmente ia a Lisboa por causa dessa reunião. Infelizmente teria
de gramar com a cabra da Paula Reis.
Devia
ter emitido um ruído de desagrado, pois tinha captado a atenção da
família sentada à sua frente. Gentalha, quase rosna a olhar para
eles. Regressa aos seus pensamentos, recordando uma vez mais a Paula
Reis. Um dia ainda vai acabar com a mania de superioridade dessa
cabra frígida; a gaja pensa que sabe mais que toda a gente. É cabra
e ainda por cima lésbica. Haverá combinação pior?
Suspirou
ruidosamente cheio de pena de si. Deitou um olhar zangado à família
sentada à sua frente. Desta vez eles tinham tido o cuidado de o
ignorar. Ainda bem, seus parvalhões, ainda bem. Uma vez despachada a
reunião e a Paulinha mais seus brinquedos de vigilância, teria todo
o tempo do mundo para se dedicar à sua obra-prima.
Teresa.
A
mais bela mulher que conhece.
Finalmente
sorri.
A
família que estava sentada à sua frente continuava a ignorá-lo.
Continuem assim, seus merdas. Nunca teve paciência para aturar esta
gentalha. Lixo, pensa enojado.
Uma
onda de prazer invade-lhe o corpo e permite-lhe alhear-se daquela
horrível sala de espera, porca, malcheirosa e com o sistema de
ventilação a funcionar mal. Raivoso, pensa que nunca o viu
funcionar decentemente.
Força
de novo o pensamento a centrar-se na bela Teresa.
Teresa.
A doce Teresa. A sua mais bela criação.
Como
um artista, revê a sua obra.
No
início era Teresa, a soberba, consciente da sua beleza e do poder
que exerce sobre os homens. Já a viu usá-lo em seu benefício, quer
com homens quer com mulheres. Desde que paguem no fim…
Também
o usou com ele. Corrige uma vez mais o seu pensamento. Tentou usá-lo
com ele. Tentou ser a caçadora quando afinal não passava de uma
frágil presa.
Sorri
nostálgico. Lembra-se de ter tido o cuidado de entrar no jogo dela,
de fingir que estava enredado nas malhas da sedução. O gozo que lhe
deu quebrar aquela altiva segurança tão própria das mulheres
bonitas.
Depois
era Teresa, a rebelde. Ainda tinha a veleidade de o questionar, se
bem que a insegurança lhe minasse o tom de voz. Isso foi pouco
depois de ter começado a andar com ela.
A sua
obra ainda estava em bruto.
Com
um suspiro de prazer recordou o trabalho que pacientemente foi
fazendo para destruir essa segurança. A rebeldia foi dando lugar à
surpresa, e passado uns tempos, para seu prazer, começou a
cheirar-lhe o medo.
Agora
sente que o fim da obra está perto. Provavelmente ainda não será
nesta visita que a conseguirá dobrar. Talvez na próxima.
A
submissão a si. O controlo total.
Ser o
dono da bela Teresa, não só do seu corpo escultural, mas, mais
importante, da sua mente.
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