UM QUASE CONTO POUCO EDIFICANTE:
O lance do presidente da Junta (parte 2 de 7)
O lance do presidente da Junta (parte 2 de 7)
Continuação da semana anterior
Há coisa de três anos
atrás a D. Guida encabeçou o movimento das mães e esposas de Alforges
contra a pouca vergonha que se passa no Bataclã, o night club estrategicamente
plantado entre as duas povoações.
O delicado equilíbrio
entre os negociados prazeres carnais no Bataclã e a rígida moral das mães
e esposas de Alforges, foi severamente abalado com a vinda de meia dúzia
de beldades brasileiras. As tropicais moçoilas tinham costumes escandalosamente
liberais para as conservadoras mães, esposas e eternas solteironas das duas
Alforges. E se o sorriso regressou ao rosto de muitos machos alfogerençes,
as expressões trombudas, talvez preocupadas, certamente despeitadas,
vincaram-se ainda mais no rosto de muitas matriarcas. E o dinheiro que se
escapulia sabe-se lá para onde, era a menor preocupação destas mães de
Alforges.
Ninguém se admirou com o
vigoroso protesto das Senhoras alfogerences, e toda a gente esperava que a D.
Guida, a mui reta e cristã esposa do igualmente reto e cristão Presidente da
Junta de Alforges de Cima, tomasse as rédeas desta cruzada moral contra as
satânicas práticas que o Bataclã oferecia por preços muito em conta.
Hoje, mal os primeiros
raios de sol se anunciam, a D. Guida levanta-se do leito conjugal,
recentemente transformado em palco de frequentes cavalgadas sexuais com o seu
amantíssimo e muito stressado esposo, o Presidente da Junta de Freguesia de
Alforges de Cima.
Cansada logo pela
manhã, pensa se teria sido boa ideia ter todo aquele protagonismo no
movimento que opôs as mães e esposas de Alforges ás putas brasileiras do
Bataclã.
Depois de mais uma épica
cavalgada conjugal, o Presidente da Junta sente-se revigorado e pronto para as
duras batalhas que se adivinham contra os manhosos de Alforges de Baixo.
Talvez pelo enorme stress, hoje o Presidente da Junta não havia maneira
de conseguir a tal libertação que tanto necessita e agora quase corre para mais
uma reunião extraordinária matutina .
Sob o lema “ um alfogerense de cima nunca se
baixará”, os vereadores ficaram de cozinhar um proposta que permitisse
trazer o enorme projeto de Monsieure Pierre de la Croix para a sua vila,
e grossas resmas de euros para os bolsos de cada um dos vereadores.
A meio da manhã, para
desgraça da D. Guida que ainda recuperava da longa batalha matinal, o Presidente
da Junta teve um pico de nervosismo quando se apercebeu do virtuosismo do
Messiêr Pierre.
Numa aflição, o
Presidente da Junta corre para casa.
Como apresentar uma
proposta irrecusável para um gajo que teima em não se deixar corromper?
Como retirar da falência a sua empresa de materiais de construção? Como
comprar o Audi A6 de última geração? Estas três malditas perguntas martelam no
seu stressado cérebro enquanto ele martela afincadamente no corpo da D. Guida
em desesperada busca daqueles segundos libertadores.
E desta vez o orgasmo
libertou não só a energia acumulada como também uma possível solução para as
preocupações do Presidente da Junta de Alforges de Cima. Enquanto a D. Guida se
arrasta pela terceira vez esta manhã para a casa de banho, o Presidente da
Junta matuta eufórico na solução miraculosa.
Pensando ter encontrado a
resolução de todos os seus problemas, sentiu uma enorme chicotada de adrenalina
que o pôs uma vez mais muito stressado.
- Guidinha , vem cá,
amor! Vem depressa.
Enquanto a meio da tarde
os ilustres de Alforges se reúnem para mais uma sessão extraordinária, um homem
barbudo, de óculos escuros, lenço na cabeça e com um andar esquisito,
entra no Bataclã.
O negócio que tal
estranha personagem propõe ao gerente é bastante bom. Depois de selarem o
acordo com um aperto de mão e um maço de euros a passar de dono, o gerente fica
a ver o homem de andar estranho levar a Gisela, uma das brasileiras
mais bonitas do seu negócio. Pensa que aquele rosto, aquele olhar, não lhe é
estranho. Não fosse a voz rouca o desengonçado andar do homem que o confunde.
Se a esquisita criatura fosse mulher, jura tratar-se da D. Guida, a esposa do
Presidente da Junta de Alforges de Cima.
Enquanto a reunião
extraordinária da Junta de Freguesia se desenrola na presença do ilustre
francês, um dos vogais está em amena cavaqueira com o motorista do Monsieur
(também monssieure para uns e messiê para outros) de la Croix.
Foi este o plano do
stressado Presidente da Junta que valeu à D.Guida a esforçada quarta
refrega adicional logo pela manhã.
Foi então pelo motorista
de Monsieur Pierre de La Croix que os ilustres Vereadores tomaram conhecimento
da benemérita obra de caridade. Segundo o distinto motorista, tal benfazeja obra caritativa é a grande
paixão, a sagrada cruzada, a imensa loucura de Monsieur Pierre de la Croix.
Exultaram os
vereadores com a notícia; finalmente tinham encontrado um pequena brecha
na incorruptível muralha do francês.
De pronto os
Vereadores embelezaram a proposta de Aforges de Cima com um grosso
donativo para tamanha santa obra de caridade.
A vitória parece certa e
logo ali o Presidente da Junta falou ao seu Vice, o Vitor da Ti Zéza, no Audi A6. De preferência que seja azul
metalizado e com todos os extras que o dinheiro do Pierre de La Croix possa
comprar.
A excitação subiu ao
rubro naquela sala magna e pouco depois o Presidente da Junta, com o stress à
flor da pele e o soberbo A6 na imaginação, correu uma vez mais para casa.
- Guidinhaaaa!
Ao entrar esbaforido no
quarto já com a braguilha meia aberta, deu com a sua esposa em amena cavaqueira
com uma espetacular morenaça que o saudou com grande familiaridade.
- Oi queridinho. Vem aqui
à Gisela, meu bem.
Demasiado espantado para
poder falar, aproximou-se obediente da mulheraça brasileira.
- Ai máis qui coisa
tão lindona! Vem à mamãe, meu tigreso. Vem, senta aqui, meu amorrr.
Quando se apercebeu da
intenção desta mulher de má vida, os ancestrais valores cristãos falaram mais
alto e logo o Presidente da Junta correu com a brasileira dali para fora.
O amor conjugal é sagrado, vocifera enquanto se
despe perante uma desconsolada D. Guida.
E a cavalgada partiu mais
uma vez desenfreada.
(continua)
LOCAIS ONDE SE PASSA A ACÇÃO
LUANDA
John Travis
Ex. mercenário
Sul Africano. Participou com o Carlos Parreira no massacre de Nyarubuye.
Banido de uma força privada de segurança, procura junto de Carlos Parreira um emprego na Elad, a empresa angolana de
lapidação de diamantes.
Kiese
Jovem
agente da policia de Cabinda. Durante demasiado tempo investigou sozinho o caso
das jovens desaparecidas. Com a chegada dos reforços vindos de Luanda, o seu equilíbrio
ameaça desintegrar-se.
Annie Choat
Mulher de Pedro Lage, morreu num atentado
em Sevilha, quando uma bomba explodiu perto da Giralda.
Anselmo Munguambe
Ex inspector criminal da DNIC Angolana, vê-se envolvido numa investigação em Cabinda. Tenta sem grande êxito esquecer o seu amante de Luanda, o Puto Zé.
Inspetor Frederico de Souza
Ex inspector criminal da DNIC Angolana, vê-se envolvido numa investigação em Cabinda. Tenta sem grande êxito esquecer o seu amante de Luanda, o Puto Zé.
Pedro Lage
Médico
emigrado em Boston, regressa a Lisboa à procura de vingar a morte de
sua esposa, Annie Choat.
Teresa Belo
Prostituta de luxo com uma visão positiva, confiante e muito gratificante da vida. Não fosse a enorme obsessão do Carlos Parreira por ela e, sim, era caso para dizer:
la vie en rose.
Edward Choat
Pai da Annie. Devastado pela morte da filha, tenta
preservar as memórias num caderninho que leva para todo o lado.
Jota
Inspector
criminal da DNIC Angolana, é deslocado para Cabinda onde colabora na
investigação das jovens assassinadas.
Viúva, muda-se de Fort Worth, Texas, para Cape Cod,
Massachusetts , na esperança de refazer a sua vida. Recupera uma velha mansão
em Cape Cod. Uma festa na Igreja de Provincetown irá alterar radicalmente a sua
vida.
Carlos Parreira
Psicopata e assassino, desenvolve uma forte obsessão
pela Teresa Belo, uma prostituta de Luxo de Lisboa. Ex.
mercenário. Atualmente responsável
pela segurança da ELAD, a empresa angolana de lapidação de diamantes.
Puto Zé
A vida
para ele é uma festa. Ou melhor: muitas festas. Vive-a intensamente, sem
preocupações nem amarras. Um homem que nunca deixou se ser um puto.
Chefe
Mike (2º livro)
O
chefe Mike tem uma boa vida na tranquila Provincetown, e tem-na
aproveitado ao máximo. A chegada de um forasteiro irá complicar
muito a pacatez do bom Xerife. E com ele surge o primeiro
assassínio na pacífica povoação de Cape Cod.
Gianpiero
Bozzo
Banqueiro
e um dos chefes da Máfia americana.
Adotou
o Pedro Lage quando este, numa arriscada intervenção cirúrgica ao
cérebro, salvou o seu filho único de uma morte certa.
Trata
por filha a Annie Choat e jurou vingar a sua morte.
Katty
Rilley (2º livro)
Filha
da Sam.
Com
o inseparável Bob, o amigável pastor belga, calcorreia alegremente
as praias de Cape Cod. Até ao dia em que dá com um homem solitário
no topo da sua duna preferida.
Teresa
Belo
Prostituta
de luxo com uma visão positiva, confiante e muito gratificante da
vida. Não fosse a enorme obsessão do Carlos Parreira por ela
e, sim, era caso para dizer:
la
vie en rose.
Padre
Thomas (2º
livro)
Cedo
o bom padre Thomas desenvolve uma tranquila amizade com o Pedro Lage.
O convite que fez ao Pedro para abrilhantar uma festa na sua paróquia
irá desencadear um conjunto de ações que nenhum poderia suspeitar.
Teresa
Belo
Prostituta
de luxo com uma visão positiva, confiante e muito gratificante da
vida. Não fosse a enorme obsessão do Carlos Parreira por ela
e, sim, era caso para dizer:
la
vie en rose.
Pedro
Lage
Médico
emigrado em Boston.
Regressa
a Lisboa à procura de vingar a morte de sua esposa, Annie Choat.
Annie
Choat
Mulher
de Pedro Lage.
Morreu
num atentado em Sevilha, quando uma bomba explodiu perto da Giralda.
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