terça-feira, 4 de agosto de 2015

Radical face - Welcome home, son / Luanda




UM QUASE CONTO POUCO EDIFICANTE:

O lance do presidente da Junta (parte 2 de 7)


                                      Continuação da semana anterior



Há coisa de três anos atrás a D. Guida encabeçou o movimento das mães e esposas  de Alforges contra a pouca vergonha que se passa no Bataclã, o night club estrategicamente plantado entre as duas povoações.

O delicado equilíbrio entre os negociados prazeres carnais  no Bataclã e a rígida moral das mães e esposas de Alforges, foi severamente  abalado com a vinda de meia dúzia de beldades brasileiras. As tropicais moçoilas tinham costumes escandalosamente liberais para as conservadoras mães, esposas e eternas solteironas das duas Alforges.  E se o sorriso regressou ao rosto de muitos machos alfogerençes, as expressões trombudas, talvez preocupadas, certamente despeitadas, vincaram-se ainda mais no rosto de muitas matriarcas. E o dinheiro que se escapulia sabe-se lá para onde, era a menor preocupação destas mães de Alforges.

Ninguém se admirou com o vigoroso protesto das Senhoras alfogerences, e toda a gente esperava que a D. Guida, a mui reta e cristã esposa do igualmente reto e cristão Presidente da Junta de Alforges de Cima, tomasse as rédeas desta cruzada moral contra as satânicas práticas que o Bataclã oferecia por preços muito em conta.


Hoje, mal os primeiros raios de  sol se anunciam, a D. Guida levanta-se do leito conjugal, recentemente transformado em palco de frequentes cavalgadas sexuais com o seu amantíssimo e muito stressado esposo, o Presidente da Junta de Freguesia de Alforges de Cima.


Cansada logo pela manhã,  pensa se teria sido boa ideia ter todo aquele protagonismo no movimento que opôs as mães e esposas de Alforges ás putas brasileiras do Bataclã.


Depois de mais uma épica cavalgada conjugal, o Presidente da Junta sente-se revigorado e pronto para as duras batalhas que se adivinham contra os manhosos de Alforges de Baixo.  Talvez pelo enorme stress, hoje o Presidente da Junta não havia maneira de conseguir a tal libertação que tanto necessita e agora quase corre para mais uma reunião extraordinária matutina .


Sob o lema “ um alfogerense de cima nunca se baixará”, os vereadores ficaram de cozinhar um proposta que permitisse trazer o enorme projeto de Monsieure Pierre de la Croix para  a sua vila, e grossas resmas de euros para os bolsos de cada um dos vereadores.


A meio da manhã, para desgraça da D. Guida que ainda recuperava da longa batalha matinal, o Presidente da Junta teve um pico de nervosismo quando se apercebeu do virtuosismo do Messiêr Pierre.


Numa aflição, o Presidente da Junta corre para casa.


Como apresentar uma proposta irrecusável para um gajo que teima em não se deixar  corromper? Como retirar da falência a sua empresa de materiais de construção?  Como comprar o Audi A6 de última geração? Estas três malditas perguntas martelam no seu stressado cérebro enquanto ele martela afincadamente no corpo da D. Guida em desesperada busca daqueles segundos libertadores.


E desta vez o orgasmo libertou não só a energia acumulada como também uma possível solução para as preocupações do Presidente da Junta de Alforges de Cima. Enquanto a D. Guida se arrasta pela terceira vez esta manhã para a casa de banho, o Presidente da Junta matuta eufórico na solução miraculosa. 


Pensando ter encontrado a resolução de todos os seus problemas, sentiu uma enorme chicotada de adrenalina que o pôs uma vez mais  muito stressado.


- Guidinha , vem cá, amor! Vem depressa.


Enquanto a meio da tarde os ilustres de Alforges se reúnem para mais uma sessão extraordinária, um homem barbudo, de óculos escuros, lenço na cabeça e  com um andar esquisito, entra no Bataclã.


O negócio que tal estranha personagem propõe ao gerente é bastante bom. Depois de selarem o acordo com um aperto de mão e um maço de euros a passar de dono, o gerente fica a ver o  homem de andar estranho  levar a Gisela, uma das brasileiras mais bonitas do seu negócio. Pensa que aquele rosto, aquele olhar, não lhe é estranho. Não fosse a voz rouca o desengonçado andar do homem que o confunde. Se a esquisita criatura fosse mulher, jura tratar-se da D. Guida, a esposa do Presidente da Junta de Alforges de Cima.


Enquanto a reunião extraordinária da Junta de Freguesia se desenrola na presença do ilustre francês,  um dos vogais está em amena cavaqueira com o motorista do Monsieur (também monssieure para uns e messiê para outros)  de la Croix.

Foi este o plano do stressado Presidente da Junta que valeu à D.Guida  a esforçada quarta refrega adicional logo pela manhã.


Foi então pelo motorista de Monsieur Pierre de La Croix que os ilustres Vereadores tomaram conhecimento da benemérita obra de caridade. Segundo o distinto motorista,  tal benfazeja obra caritativa é a grande paixão, a sagrada cruzada, a imensa loucura de Monsieur  Pierre de la Croix.

Exultaram os vereadores  com a notícia; finalmente tinham encontrado um pequena brecha na incorruptível muralha do francês. 

De pronto os Vereadores  embelezaram a proposta de Aforges de Cima  com um grosso donativo para tamanha  santa obra de caridade. 


A vitória parece certa e logo ali o Presidente da Junta falou ao seu Vice, o Vitor  da Ti Zéza,  no Audi A6. De preferência que seja azul metalizado e com todos os extras que o dinheiro do Pierre de La Croix possa comprar.


A excitação subiu ao rubro naquela sala magna e pouco depois o Presidente da Junta, com o stress à flor da pele e o soberbo A6 na imaginação, correu uma vez mais para casa.


- Guidinhaaaa!


Ao entrar esbaforido no quarto já com a braguilha meia aberta, deu com a sua esposa em amena cavaqueira com uma espetacular morenaça que o saudou com grande familiaridade.


- Oi queridinho. Vem aqui à Gisela, meu bem.


Demasiado espantado para poder falar, aproximou-se obediente da mulheraça brasileira.


- Ai máis qui coisa tão  lindona! Vem à mamãe, meu tigreso. Vem, senta aqui, meu amorrr.


Quando se apercebeu da intenção desta mulher de má vida, os ancestrais valores cristãos falaram mais alto e logo o Presidente da Junta correu com a brasileira dali para fora.


O amor conjugal é sagrado, vocifera enquanto se despe  perante uma desconsolada  D. Guida.


E a cavalgada partiu mais uma vez desenfreada.


(continua)




































LOCAIS ONDE SE PASSA A ACÇÃO

LUANDA










John Travis

Ex. mercenário  Sul Africano. Participou com o Carlos Parreira no massacre de Nyarubuye. Banido de uma força privada de segurança, procura junto de Carlos Parreira  um emprego na Elad, a empresa angolana de lapidação de diamantes.













Kiese
Jovem agente da policia de Cabinda. Durante demasiado tempo investigou sozinho o caso das jovens desaparecidas. Com a chegada dos reforços vindos de Luanda, o seu equilíbrio ameaça desintegrar-se.





















Annie Choat
Mulher de Pedro Lage, morreu num atentado em Sevilha, quando uma bomba explodiu perto da Giralda.




















Anselmo Munguambe

Ex inspector criminal da DNIC Angolana, vê-se envolvido numa investigação em  Cabinda. Tenta sem grande êxito esquecer o seu amante de Luanda, o Puto Zé.





















Inspetor Frederico de Souza

Ex inspector criminal da DNIC Angolana, vê-se envolvido numa investigação em  Cabinda. Tenta sem grande êxito esquecer o seu amante de Luanda, o Puto Zé.






















Pedro Lage

Médico emigrado em Boston, regressa a Lisboa à procura de vingar a morte de sua esposa, Annie Choat.

























Teresa Belo

Prostituta de luxo com uma visão positiva, confiante e muito gratificante da vida. Não fosse a enorme  obsessão do Carlos Parreira por ela e, sim, era caso para dizer: 
la vie en rose.






















Edward Choat

Pai da Annie. Devastado pela morte da filha, tenta preservar as memórias num caderninho que leva para todo o lado.























Jota
Inspector criminal da DNIC Angolana, é deslocado para Cabinda onde colabora na investigação das jovens assassinadas. 


























Sam Rilley (2º livro)

Viúva, muda-se de Fort Worth, Texas, para Cape Cod, Massachusetts , na esperança de refazer a sua vida. Recupera uma velha mansão em Cape Cod. Uma festa na Igreja de Provincetown irá alterar radicalmente a sua vida.



















Carlos Parreira

Psicopata e assassino, desenvolve uma forte obsessão pela Teresa Belo, uma prostituta de Luxo de Lisboa.  Ex.  mercenário.  Atualmente responsável pela segurança da ELAD, a empresa angolana de lapidação de diamantes.






















Puto Zé
A vida  para ele é uma festa. Ou melhor: muitas festas. Vive-a intensamente, sem preocupações nem amarras. Um homem que nunca deixou se ser um puto.






















Chefe Mike (2º livro)
O chefe Mike tem uma boa vida na tranquila  Provincetown, e tem-na aproveitado ao máximo. A chegada de um forasteiro irá complicar muito a pacatez do bom Xerife.  E com ele surge o primeiro assassínio na pacífica povoação de  Cape Cod.















Gianpiero Bozzo
Banqueiro e um dos chefes da Máfia americana. 
Adotou o Pedro Lage quando este, numa arriscada intervenção cirúrgica ao cérebro,  salvou o seu filho único de uma morte certa.
 Trata por filha a Annie Choat e jurou vingar a sua morte.



















Katty Rilley (2º livro)

Filha da Sam. 
Com o inseparável Bob, o amigável pastor belga, calcorreia alegremente as praias de Cape Cod. Até ao dia em que dá com um homem solitário no topo da sua duna preferida.























Teresa Belo
Prostituta de luxo com uma visão positiva, confiante e muito gratificante da vida. Não fosse a enorme  obsessão do Carlos Parreira por ela e, sim, era caso para dizer:

 la vie en rose.
























Padre Thomas (2º livro)
Cedo o bom padre Thomas desenvolve uma tranquila amizade com o Pedro Lage. O convite que fez ao Pedro para abrilhantar uma festa na sua paróquia irá desencadear um conjunto de ações que nenhum poderia suspeitar.

















Teresa Belo
Prostituta de luxo com uma visão positiva, confiante e muito gratificante da vida. Não fosse a enorme  obsessão do Carlos Parreira por ela e, sim, era caso para dizer:

 la vie en rose.















Pedro Lage
Médico emigrado em Boston. 

Regressa a Lisboa à procura de vingar a morte de sua esposa, Annie Choat.


















Annie Choat
Mulher de Pedro Lage. 

Morreu num atentado em Sevilha, quando uma bomba explodiu perto da Giralda.















































































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