terça-feira, 11 de agosto de 2015

Emika - Wicked game / Sevilha, Giralda


UM QUASE CONTO POUCO EDIFICANTE:

O lance do presidente da Junta (parte 4 de 7)


( continuação da semana anterior)



Desesperado com a ausência da D. Guida, o Presidente da Junta de alforges de Cima procura orientação junto do Prior. Num murmúrio envergonhado conta-lhe o enorme efeito que o stress lhe causa, potenciando a sua energia sexual para níveis insuportavelmente elevados.

- E logo agora que a minha Guidinha está para longe, senhor padre!

É certo que nunca o Presidente da Junta, por mais necessitado que esteja,  entrará nesse antro do demónio e do vício que é o Bataclã. Mas este enorme desejo insatisfeito vai minando a vontade e então, quase a medo, com um incómodo rubor a tingir-lhe as nervosas bochechas, pergunta ao prior se é pecado esvaziar tamanha energia que o enlouquece através de ações solitárias.

Ao ouvir tal pergunta o Prior, talvez por inveja ou por rígidos ditames sagrados, prega um vibrante sermão ao angustiado Presidente da Junta de Alforges de Cima.

- O corpo de cada um é um templo sagrado e não uma feira de distrações – quase vocifera o bom Prior- Além do mais está cientificamente provado que a masturbação favorece o aparecimento do cancro, desregula a tiroide e causa cirrose hepática. E não se esqueça que essa prática do demo é uma auto estrada para a homossexualidade.

Conclui o irado monólogo com um seco:

- Além do mais, é um pecado grave.

Não satisfeito com tão veemente preleção, acrescenta ainda de dedo em riste para o infeliz Presidente da Junta:

- E livre-se de amanhã me aparecer na missa para comungar, meu caro. Só de pensar nessas atividades solitárias você já está a pecar.

Foi precisamente nesta altura que começaram os tiques ao Presidente da Junta.

Se a maioria da população se condoeu com o súbito estado trémulo e tiquento do Presidente da Junta, aquele insistente piscar do olho esquerdo e a forma algo efeminada como o stressado homem encolhe o ombro direito, foi mal interpretada pelo Júlio, o vereador da Cultura.

Na antevéspera de Messiê De La Croix divulgar ao mundo a sua decisão, conhecer-se qual a vila a beneficiar do fabuloso investimento, o Júlio finalmente arranja coragem e convida o tiquento Presidente da Junta para um singelo e íntimo jantar em sua casa. Fê-lo numa voz esganiçada pelo nervoso miudinho que subitamente se fez sentir, e os calores, apesar do inverno correr inclemente, tornaram rosa clara a delicada pele do Júlio. O persistente piscar de olhos bem como o erótico encolher de ombros do Presidente da Junta, foram a melhor resposta que o Vereador da Cultura pôde ter.

Afadigou-se o Júlio no arrumo da casa, no aprumo da refeição e nas velas que acendeu com excitação crescente. E foi num estado de nervos imenso que acorreu à porta quando da seráfica campainha fez o tilim mais promissor da vida do Vereador da Cultura.

E se os nervos do afogueado Júlio acalmaram com o sedutor encolher de ombros do Presidente da Junta, rapidamente foram substituídos pela excitação ao contemplar o insistente piscar de olhos do seu amado. E aos tiques e tremeliques do Presidente da Junta respondeu o Júlio com olhares profundos e íntimos sorrisos. E a conversa foi correndo fácil, tal como o vinho a jorrar, abundante, das garrafas para os copos e destes para as bocas, umas sorridentes, outras tiquentas, ambas muito ávidas.

Ia longo o jantar e o Júlio entre um tique e um olhar mais profundo, cobriu ternamente a mão do Presidente da Junta e numa voz rouca, num delicioso afôgo  fremente de desejo, lhe confessou todo o amor aprisionado, recalcado, proibido.

Levantou-se o Presidente da Junta demasiado atónito para proferir uma palavra que fosse, piscando e tremelicando como um louco. E o Júlio, agora liberto das amarras de qualquer culpa ou vergonha, levanta-se também e aproxima-se do horrorizado homem.

Dolorosamente desfeito o engano, o Presidente da Junta apareceu no dia seguinte com os tiques e tremeliques  muito mais acentuados.

O alarme espalhou-se pela população quando se soube que o Júlio também apresentava os mesmos sintomas, talvez agravados pela vermelhidão do rosto e por um curioso olhar esquivo, como se o homem carregasse alguma culpa.

Logo vozes alarmadas se ergueram entre os aldeões e o centro de saúde encheu-se de gente a piscar os olhos, encolher ombros e andar de forma esquisita; o vírus dos tiques que se dissemina pelo ar, tinha atacado forte e feio a pequena Alforges de Cima.

Outras vozes, estas mais beatas mas igualmente aflitas, clamaram serem tais tiques e tremeliques obra do demo. Choram os beatos aldeões em sentidas ladainhas que  esses tiques e tremeliques são maldições por tamanha ganancia que corrompe e macula as almas dos bons aldeões de Alforges de Cima. 

Logo o Prior declarou uma procissão à volta da Igreja e entre murmuradas avé-marias e padre-nossos nasce a confiança que do Céu irá surgir o benfazejo perdão e clemencia para com as almas pecadoras.

Felizmente amanhã à tarde Monsieur De La Croix vai anunciar a aldeia vencedora.  

Todo este pesadelo terá um fim e o Presidente da Junta de Alforges de Cima poderá finalmente esvaziar todo o seu stress na sua mui amada esposa, D. Guidinha.








































LOCAIS ONDE SE PASSA A ACÇÃO


SEVILHA
BAIRRO STA. CRUZ, GIRALDA
















John Travis
Ex. mercenário  Sul Africano. Participou com o Carlos Parreira no massacre de Nyarubuye. Banido de uma força privada de segurança, procura junto do amigo um emprego na Elad, a empresa angolana de lapidação de diamantes.



















Jota
Inspector criminal da DNIC Angolana, é deslocado para Cabinda onde colabora na investigação das jovens assassinadas. 






















Teresa Belo
Prostituta de luxo com uma visão positiva, confiante e muito gratificante da vida. Não fosse a enorme obsessão do Carlos Parreira por ela e, sim, era caso para dizer: la vie en rose.




















Pedro Lage
Medico emigrado em Boston, regressa a Lisboa à procura de vingar a morte de sua esposa, Annie Choat.



























Inspetor Frederico de Souza
Apesar de ter colaborado marginalmente no caso do atentado em Sevilha, a impunidade do ato leva-o a encetar uma obsessiva cruzada em busca da verdade.



























Annie Choat
Mulher de Pedro Lage, morreu num atentado em Sevilha, quando uma bomba explodiu perto da Giralda.



























Anselmo Munguambe
Ex inspector criminal da DNIC Angolana, vê-se envolvido numa investigação em  Cabinda. Tenta sem grande êxito esquecer o seu amante de Luanda, o Puto Zé.





























Carlos Parreira
Psicopata e assassino, desenvolve uma forte obsessão pela Teresa Belo, uma prostituta de Luxo de Lisboa.  Ex.  mercenário.  Atualmente responsável pela segurança da ELAD, a empresa angolana de lapidação de diamantes.

























Sam Rilley (2º livro)
Viúva, muda-se de Fort Worth, Texas, para Cape Cod, Massachusetts , na esperança de refazer a sua vida. Recupera uma velha mansão em Cape Cod. Uma festa na Igreja de Provincetown irá alterar radicalmente a sua vida.























Miguel Lacerda
Inspetor da PJ. Desencantado com a vida,  com a ex mulher e com a reforma que teima em fugir. A estranha ligação de um banqueiro assassinado a uma prostituta desaparecida ameaçam estragar o Natal cuidadosamente preparado com a sua filha.
























Edward Choat (2º livro)
Pai da Annie. Devastado pela morte da filha, tenta preservar as memórias num caderninho que leva consigo para todo o lado.




























Kattie Rilley (2º livro)
Filha de Sam. Com o inseparável Bob, o amigável pastor belga, calcorreia alegremente as praias de Cape Cod. Até ao dia em que dá com um homem no topo da sua duna preferida.




















Puto Zé

Para ele, a vida é uma festa. Ou melhor: muitas festas. Vive-a intensamente,

sem preocupações nem amarras. Um homem que nunca deixou se ser um puto.













Clara de Souza (2º livro)
Esposa do Inspetor Frederico. 
Preocupada com a obsessão do marido pelo insolúvel caso de Sevilha, reúne todas as forças para lutar por ele, tentando resgatá-lo  do crescente alheamento que o atormenta. 
















Jota

Inspector criminal da DNIC Angolana. Coordena uma investigação em  Cabinda e tenta não saír chamuscado deste mediático caso.























Gianpiero Bozzo
Banqueiro e um dos chefes da Máfia americana. 
Adotou o Pedro Lage quando este, numa arriscada intervenção cirúrgica ao cérebro,  salvou o seu filho único de uma morte certa.
 Trata por filha a Annie Choat e jurou vingar a sua morte.





















Chefe Mike (2º livro)
O chefe Mike tem uma boa vida na tranquila  Provincetown, e tem-na aproveitado ao máximo. A chegada de um forasteiro irá complicar muito a pacatez do bom Xerife.  E com ele surge o primeiro assassínio na pacífica povoação de  Cape Cod.



















Teresa Belo
Prostituta de luxo com uma visão positiva, confiante e muito gratificante da vida. Não fosse a enorme  obsessão do Carlos Parreira por ela e, sim, era caso para dizer:

 la vie en rose.


















Sam Rilley (2º livro)
Viúva, mãe da Katty.
Muda-se de Fort Worth, Texas, para Cape Cod, Massachusetts , na esperança de refazer a sua vida.

Recupera uma velha mansão na praia. Uma festa na Igreja de Provincetown irá alterar radicalmente a sua vida.























Annie Choat
Mulher de Pedro Lage. 

Morreu num atentado em Sevilha, quando uma bomba explodiu perto da Giralda.






















Pedro Lage
Médico emigrado em Boston. 

Regressa a Lisboa à procura de vingar a morte de sua esposa, Annie Choat.



























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