UM
QUASE CONTO POUCO EDIFICANTE:
O
escorpião e a tartaruga
A
bicharada já não tem dúvidas; a ilha está a afundar-se. O lento
mas persistente avanço das águas, tem causado o pânico na malta e
num coro de aflitos, cada um tenta encontrar a miraculosa salvação.
Nesta
aflição, e tal como o patinho feio um dia se transformou em cisne,
a pachorrenta tartaruga virou a estrela da companhia ao transportar
esforçadamente alguns trémulos animais para a ilha mais próxima.
Mas
a pobre tartaruga com o seu vagaroso andar nunca conseguirá salvar a
tempo todo o pessoal. Por isso quando o apavorado gato subiu para uma
tábua que flutuava por ali, o cão rosnou apenas por uma questão
de hábito, só para manter os seus pergaminhos. E num equilíbrio
instável, gato, rato, formigas, um coelho e algumas pulgas
acomodaram-se o melhor que conseguiram na frágil tábua, enquanto o
cão empurra com o focinho o pedaço de madeira na direção da outra
ilha.
Mas
as coisas nem sempre se passaram desta forma tão harmoniosa. Num
tronco repleto de animais mesmo prontinho para zarpar, aconteceu a
debandada geral quando o escorpião se aproximou, querendo também
ele uma boleia.
Esta
já era a quinta tentativa do escorpião subir para um tronco. Subir,
ele até subia. O problema era que a bicharada fugia logo num
histérico alvoroço, deixando o pobre escorpião abandonado no
solitário tronco.
E
o tempo foi passando com o escorpião a correr de tronco em tronco
causando o pânico na malta, enquanto a vagarosa tartaruga ia
assegurando o serviço de ferry entre as duas ilhas.
Por
fim a ilha já não era mais que metro e meio de terra. Foi então
que se cometeram verdadeiros atos de loucura quando as últimas
galinhas, porcos, lagartos e avestruzes se fizeram à vida entre
gritos, choros e muitas angustiadas rezas.
O
pedaço de terra ficou finalmente sem ninguém.
Ninguém?
E
o escorpião?
Pois
é. O pequeno escorpião chorava baba e ranho numa aflição
crescente enquanto via o impiedoso avanço das águas.
Muito
gritou por socorro o sofrido animal!
Calhou
a tartaruga fazer uma última travessia para ver se ainda restava
algum animal para salvar.
Foi
quando deu com o choroso escorpião.
- Salva-me, tartaruga. Peço-te. Imploro-te. Por favor, por favor salva-me desta morte certa.
Apesar
do bondoso coração da nossa heroína se condoer com a aflição do
negro animal, afastou-se prudentemente do negro escorpião e meteu-se
lentamente na água. O aflito escorpião, agora já sem terra seca e
com as águas a cobrirem as patitas, uivou, gritou, implorou e
jurou que se salvasse desta seria um outro escorpião. Um animal
melhor, um irmão para a tartaruga.
- Um santo – jurava entre lágrimas o escorpião – Passarei a ser uma alma benemérita. Um amigo dos pobres, dos menos pobres e dos muito ricos também.
Cativado
por tão sentido ato de contrição, a nossa heroína pensou que esta
provação transformou o escorpião num animal melhor. Assim, em vez
de regressar sozinha à outra ilha, um pouco a medo lá se aproximou
do choroso escorpião.
E
o negro animal tratou logo de subir para a carapaça da nossa heroína
entre frases de agradecimento a Deus, à tartaruga, a tudo e a todos
também.
E
uma vez mais a tartaruga rumou para a outra ilha, agora com o
agradecido escorpião na carapaça.
Talvez
devido à humidade da carapaça da tartaruga, talvez pelas ondas que
se faziam sentir, o certo é que o escorpião escorregou, gritou que
se fartou e foi borda fora numa imensa aflição.
A
vagarosa tartaruga apenas viu a última patita do escorpião girar
como um catavento histérico e depois... mais nada. Logo a nossa
heroína mergulhou no oceano e numa velocidade surpreendente nadou
até ao moribundo escorpião, resgatando-o pela segunda vez de uma
morte certa.
Extenuada,
a tartaruga mal chega a terra deita-se esgotada sobre a terra seca.
De tão cansada que está, esquece-se de recolher as patas.
A
visão daquela carne pulsante e desprotegida foi demasiado para o
escorpião. Milhões de anos levaram a melhor sobre as boas intenções
do negro animal e mal o escorpião desce para terra firme, a sua
natureza falou mais alto.
O
escorpião aproxima-se de pata da tartaruga de ferrão em riste e o
veneno ansioso por se libertar na tenra carne da tartaruga. Mas
espera para lhe dar a fatal ferroada.
Um
pedra esborracha o escorpião enquanto um macaco grita:
- Matei-te, malvado, finalmente matei-te!
Logo
um horrorizado coro de repúdio fez-se ouvir contra o macaco.
Os
tempos são outros,
grita exaltada a bicharada.
Ilha
nova, um novo recomeço
faz-se ouvir entre porcos, vacas, carneiros e os demais animais.
Nesta
ilha, cães e gatos são amigos e a lei é soberana,
passa a ser o slogan mais vezes repetido.
Rapidamente
se forma um tribunal que por unanimidade e aclamação condena o
macaco à morte.
Olho
por olho, dente por dente,
gritam os eufóricos animais enquanto a tartaruga lança a primeira
pedra na direção do macaco.
LOCAIS ONDE SE PASSA A ACÇÃO
BOSTON
JARDIM PÚBLICO
Médico
emigrado em Boston.
Regressa a Lisboa à procura de vingar a morte de sua esposa, Annie Choat.
Regressa a Lisboa à procura de vingar a morte de sua esposa, Annie Choat.
Annie Choat
Mulher
de Pedro Lage.
Morreu num atentado em Sevilha, quando uma bomba explodiu perto da Giralda.
Morreu num atentado em Sevilha, quando uma bomba explodiu perto da Giralda.
Inspetor Frederico de Souza
Recentemente aposentado da PJ.
Apesar
de ter colaborado marginalmente no caso do atentado em Sevilha, a
impunidade do ato leva-o a encetar uma obsessiva cruzada em busca da
verdade.
Teresa Belo
Prostituta de luxo com uma visão positiva, confiante
e muito gratificante da vida. Não fosse a enorme obsessão do Carlos Parreira por ela e, sim,
era caso para dizer:
la vie en rose.
Anselmo Munguambe
Ex inspector criminal da DNIC Angolana.
Vê-se
envolvido numa investigação em Cabinda.
Tenta sem grande êxito esquecer o seu amante de Luanda, o Puto Zé.
Edward Choat (2º livro)
Pai da Annie.
Devastado pela morte da filha, tenta
preservar as memórias num caderninho que leva consigo para todo o lado. Subitamente, numa visita ao Pedro Lage, o seu quotidiano sofre uma dramática alteração.
Chefe Mike (2º livro)
O chefe Mike
tem uma boa vida na tranquila Provincetown, e tem-na aproveitado ao máximo. A chegada de
um forasteiro irá complicar muito a pacatez do bom Xerife. E com ele surge o primeiro
assassínio na pacífica povoação de Cape Cod.
Sam Rilley (2º livro)
Viúva, mãe da Katty.
Muda-se de Fort Worth, Texas, para Cape Cod,
Massachusetts , na esperança de refazer a sua vida.
Recupera uma velha mansão
na praia. Uma festa na Igreja de Provincetown irá alterar radicalmente a sua
vida.
Clara de Souza (2º livro)
Esposa do Inspetor Frederico.
Preocupada com a obsessão do marido pelo insolúvel caso de Sevilha, reúne todas as forças para lutar por ele, tentando resgatá-lo do crescente alheamento que o atormenta.
Preocupada com a obsessão do marido pelo insolúvel caso de Sevilha, reúne todas as forças para lutar por ele, tentando resgatá-lo do crescente alheamento que o atormenta.
John Travis
Ex. mercenário
Sul Africano.
Participou com o Carlos Parreira no massacre de Nyarubuye. Banido de uma força privada de segurança, procura junto do amigo um emprego na Elad, a empresa angolana de lapidação de diamantes.
Participou com o Carlos Parreira no massacre de Nyarubuye. Banido de uma força privada de segurança, procura junto do amigo um emprego na Elad, a empresa angolana de lapidação de diamantes.
Kattie Rilley (2º livro)
Filha da Sam.
Com o inseparável Bob, o amigável pastor belga, calcorreia alegremente as praias de Cape Cod. Até ao dia em que dá com um homem solitário no topo da sua duna preferida.
Com o inseparável Bob, o amigável pastor belga, calcorreia alegremente as praias de Cape Cod. Até ao dia em que dá com um homem solitário no topo da sua duna preferida.
Gianpiero
Bozzo
Banqueiro e um dos chefes da Máfia americana.
Adotou o Pedro Lage quando este, numa arriscada intervenção cirúrgica ao cérebro, salvou o seu filho único de uma morte certa.
Trata por filha a Annie Choat e jurou vingar a sua morte.
Adotou o Pedro Lage quando este, numa arriscada intervenção cirúrgica ao cérebro, salvou o seu filho único de uma morte certa.
Trata por filha a Annie Choat e jurou vingar a sua morte.
Miguel
Lacerda
Inspetor
da PJ. Desencantado com a vida, com a ex mulher e com a reforma que
teima em fugir.
A estranha ligação de um banqueiro assassinado a uma prostituta desaparecida ameaçam estragar o Natal cuidadosamente preparado com a sua filha.
A estranha ligação de um banqueiro assassinado a uma prostituta desaparecida ameaçam estragar o Natal cuidadosamente preparado com a sua filha.
Kiese
Jovem
agente da policia de Cabinda.
Durante demasiado tempo investigou sozinho o caso das jovens desaparecidas. Com a chegada dos reforços vindos de Luanda, o seu equilíbrio ameaça desintegrar-se.
Durante demasiado tempo investigou sozinho o caso das jovens desaparecidas. Com a chegada dos reforços vindos de Luanda, o seu equilíbrio ameaça desintegrar-se.
Puto
Zé
Para
ele, a vida é uma festa.
Ou melhor: muitas festas. Vive-a intensamente, sem preocupações nem amarras. Um homem que nunca deixou se ser um puto.
Ou melhor: muitas festas. Vive-a intensamente, sem preocupações nem amarras. Um homem que nunca deixou se ser um puto.
Padre
Thomas (2º livro)
Cedo
o bom padre Thomas desenvolve uma tranquila amizade com o Pedro
Lage. O convite que fez ao Pedro para abrilhantar uma festa na sua
paróquia irá desencadear um conjunto de ações que nenhum poderia
suspeitar.
Inspetor Frederico de Souza
Recentemente aposentado da PJ.
Apesar de ter colaborado marginalmente no caso do atentado em Sevilha, a impunidade do ato leva-o a encetar uma obsessiva cruzada em busca da verdade.
Annie Choat
Mulher de Pedro Lage.
Morreu num atentado em Sevilha, quando uma bomba explodiu perto da Giralda.
Morreu num atentado em Sevilha, quando uma bomba explodiu perto da Giralda.
Pedro
Lage
Médico
emigrado em Boston.
Regressa a Lisboa à procura de vingar a morte de sua esposa, Annie Choat.
Regressa a Lisboa à procura de vingar a morte de sua esposa, Annie Choat.
Sem comentários:
Enviar um comentário