UM QUASE CONTO POUCO EDIFICANTE:
O lance do presidente da Junta (parte 7 de 7)
(Continuação da semana anterior)
As nuvens que ameaçaram
estragar a festa recolheram ao soar do meio do dia e a tarde
mostrou-se gloriosa. A aldeia engalanou-se como há muito não se
via, as gentes vestiram as roupinhas de ver a Deus há décadas
guardadas em baús, provocando um cheiro a naftalina que se entranhou por todas as ruas e vielas da localidade. A nervosa e muito empenhada
banda filarmónica atarefa-se dando os últimos acordes.
Um valente arreial está
montado no largo do pelourinho e apesar do Natal ainda vir longe, a
torre da igreja já tem as castanhas e os rebuçados da ordem para
serem atirados aos cidadãos.
Na sala magna da Junta de
freguesia a excitação é imensa e nem a boa noticia sussurrada pelo
vereador que tem o stand de automóveis acalmam os tiques do
Presidente da Junta.
A banda filarmónica dos
bombeiros começa a tocar surpreendentemente afinada quando o vistoso
automóvel do Monsieur De La Croix entra finalmente na povoação, depois de ter levado para longe a agradecida agente das Atividades Económicas.
O francês sobe os três
degraus até à porta da Junta sob vivas, bênçãos e muitos
aplausos das gentes que acorreram ao largo do pelourinho.
O momento da verdade
tinha chegado.
Perante uma nervosa e
emudecida assembleia, talvez pelos tiques, talvez pelo stress ou pela
falta que a D. Guida lhe faz, o Presidente da Junta embrulha-se no
intrincado discurso que preparara.
A doação de cento e
oitenta mil euros que a aldeia fez o milagre de conseguir para a
beata obra de caridade de Monsieur De La Croix, devia aparecer
subrepticiamente no discurso. Um detalhe sem importância, coisa
marginal. A malta deu o que tinha e também o que não tinha, está empenhada até à raiz dos cabelos, mas aguenta confiante. Este
sacrifício, elevado à condição de dever nacional e ato moral tantas vezes lembrado pelo prior lá do alto do pulpito. Tamanho sacrifício irá valer bem
a pena perante os benfazejos investimentos anunciados e que tanto
conforto irá dar aos ilustres Vereadores da Junta.
Mas o Presidente da Junta
baralhou-se todo no seu discurso e entre piscares de olhos e ombros encolhidos, a aflição falou mais alto e quase suplicou que Messiê De La Corix aceitasse a porra dos cento e
oitenta mil e construisse de uma vez por todas o Call Center da tal
hig tech, o hotel que até pode ser de três estrelas e desse um cargo de Direção ao seu filho do meio.
Muito piscou e se abanou
o Presidente da Junta nos intermináveis vinte segundos que se
seguiram.
Mas esta é uma história
que acaba bem e Monsenhor De La Croix, pelas suas próprias palavras,
teve o maior gosto em anunciar a sua escolha. Quando os aldeões
ouviram ser dito o nome da sua aldeia, o diabo desceu à terra e
pulou, dançou e rejubilou de alegria. O resto do discurso do
bisneto mais importante da vila rival, a de Baixo, perdeu-se no meio da valente algazarra que se
seguiu.
A rebentar de orgulho, e
com o pensamento do Audi A6 que o vereador reservara para si, a
trémula mão do Presidente da Junta foi lesta a transferir os cento e oitenta
mil euros para a caridosa obra de Messiê De La Croix. Quando clicou
na tecla do computador da junta para finalizar a transação, o
primeiro foguete estoirou nos céus de Alforges de Cima.
E a festa começou brava e
brava continuaria, não fosse o Fagundes murmurar ao ouvido do
Presidente da Junta que festa igual estava a acontecer em Alforges de
Baixo, o que lhe provocou um violento ataque de tiques e toques.
Minutos depois começou a
correr a notícia pela populaça que a malta de Alforges de Baixo
também celebrava coisa igual.
Calaram-se os foguetes, a
banda filarmónica e a gritaria. Só um cachorro, talvez incomodado
com tamanho silencio, desatou a ladrar esganiçadamente.
Todos os olhares
convergiram para o telemóvel do Presidente da Junta que tentou uma,
duas, três, muitas vezes, falar com o Cruz.
Nunca mais ninguém pôs a
vista em cima do cabrão do Cruz.
Nem em cima dele, nem nos
cento e oitenta mil euros.
E os dias que restaram à
D. Guida nesta vida passaram-se numa benfazeja acalmia.
Por vezes vemo-la a
suspirar por algo, mas há coisas que o ex presidente da junta deixou
de conseguir fazer desde esse dia de tão má memória.
LOCAIS ONDE SE PASSA A ACÇÃO
Lisboa - Parque das Nações
Pedro
Lage
Médico
emigrado em Boston.
Regressa
a Lisboa à procura de vingar a morte de sua esposa, Annie Choat.
Sam
Rilley (2º
livro)
Viúva,
mãe da Katty.
Muda-se
de Fort Worth, Texas, para Cape Cod, Massachusetts , na esperança de
refazer a sua vida.
Recupera
uma velha mansão na praia. Uma festa na Igreja de Provincetown irá
alterar radicalmente a sua vida.
Teresa
Belo
Prostituta
de luxo com uma visão positiva, confiante e muito gratificante da
vida. Não fosse a enorme obsessão do Carlos Parreira por ela
e, sim, era caso para dizer:
la
vie en rose.
Sam
Rilley (2º
livro)
Viúva,
mãe da Katty.
Muda-se
de Fort Worth, Texas, para Cape Cod, Massachusetts , na esperança de
refazer a sua vida.
Recupera
uma velha mansão na praia. Uma festa na Igreja de Provincetown irá
alterar radicalmente a sua vida.
Katty
Rilley (2º livro)
Filha
da Sam.
Com
o inseparável Bob, o amigável pastor belga, calcorreia alegremente
as praias de Cape Cod. Até ao dia em que dá com um homem solitário
no topo da sua duna preferida.
Padre
Thomas (2º
livro)
Cedo
o bom padre Thomas desenvolve uma tranquila amizade com o Pedro Lage.
O convite que fez ao Pedro para abrilhantar uma festa na sua paróquia
irá desencadear um conjunto de ações que nenhum poderia suspeitar.
Chefe
Mike (2º livro)
O
chefe Mike tem uma boa vida na tranquila Provincetown, e tem-na
aproveitado ao máximo. A chegada de um forasteiro irá complicar
muito a pacatez do bom Xerife. E com ele surge o primeiro
assassínio na pacífica povoação de Cape Cod.
Edward
Choat (2º
livro)
Pai
da Annie.
Devastado
pela morte da filha, tenta preservar as memórias num caderninho que
leva consigo para todo o lado. Subitamente, numa visita ao
Pedro Lage, o seu quotidiano sofre uma dramática alteração.
Gianpiero
Bozzo
Banqueiro
e um dos chefes da Máfia americana.
Adotou
o Pedro Lage quando este, numa arriscada intervenção cirúrgica ao
cérebro, salvou o seu filho único de uma morte certa.
Trata
por filha a Annie Choat e jurou vingar a sua morte.
Clara
de Souza (2º
livro)
Esposa
do Inspetor Frederico.
Preocupada
com a obsessão do marido pelo insolúvel caso de Sevilha, reúne
todas as forças para lutar por ele, tentando resgatá-lo do
crescente alheamento que o atormenta.
Inspetor
Frederico de Souza
Recentemente
aposentado da PJ.
Apesar
de ter colaborado marginalmente no caso do atentado em Sevilha, a
impunidade do ato leva-o a encetar uma obsessiva cruzada em busca da
verdade.
Miguel
Lacerda
Inspetor
da PJ. Desencantado com a vida, com a ex mulher e com a reforma que
teima em fugir.
A
estranha ligação de um banqueiro assassinado a uma prostituta
desaparecida ameaçam estragar o Natal cuidadosamente preparado com a
sua filha.
Jota
Inspector
criminal da DNIC Angolana. Coordena uma investigação em
Cabinda e tenta não saír chamuscado deste mediático caso.
Carlos
Parreira.
Psicopata
e assassino, desenvolve uma forte obsessão pela Teresa Belo, uma
prostituta de Luxo de Lisboa. Ex. mercenário. Atualmente
responsável pela segurança da ELAD, a empresa angolana de lapidação
de diamantes.
Anselmo
Munguambe
Ex
inspector criminal da DNIC Angolana.
Vê-se
envolvido numa investigação em Cabinda. Tenta sem grande
êxito esquecer o seu amante de Luanda, o Puto Zé.
Puto
Zé
Para
ele, a vida é uma festa. Ou melhor: muitas festas. Vive-a
intensamente,
sem
preocupações nem amarras. Um homem que nunca deixou se ser um puto.
Kiese
Jovem
agente da policia de Cabinda.
Durante
demasiado tempo investigou sozinho o caso das jovens desaparecidas.
Com a chegada dos reforços vindos de Luanda, o seu equilíbrio
ameaça desintegrar-se.
John
Travis
Ex.
mercenário Sul Africano.
Participou
com o Carlos Parreira no massacre de Nyarubuye. Banido de uma força
privada de segurança, procura junto do amigo um emprego na Elad, a
empresa angolana de lapidação de diamantes.
Padre
Thomas (2º
livro)
Cedo
o bom padre Thomas desenvolve uma tranquila amizade com o Pedro Lage.
O convite que fez ao Pedro para abrilhantar uma festa na sua paróquia
irá desencadear um conjunto de ações que nenhum poderia suspeitar.
Chefe
Mike (2º livro)
O
chefe Mike tem uma boa vida na tranquila Provincetown, e tem-na
aproveitado ao máximo. A chegada de um forasteiro irá complicar
muito a pacatez do bom Xerife. E com ele surge o primeiro
assassínio na pacífica povoação de Cape Cod.
Katty
Rilley (2º livro)
Filha
da Sam.
Com
o inseparável Bob, o amigável pastor belga, calcorreia alegremente
as praias de Cape Cod. Até ao dia em que dá com um homem solitário
no topo da sua duna preferida.
Teresa
Belo
Prostituta
de luxo com uma visão positiva, confiante e muito gratificante da
vida. Não fosse a enorme obsessão do Carlos Parreira por ela
e, sim, era caso para dizer:
la
vie en rose.
Inspetor
Frederico de Souza
Recentemente
aposentado da PJ.
Apesar
de ter colaborado marginalmente no caso do atentado em Sevilha, a
impunidade do ato leva-o a encetar uma obsessiva cruzada em busca da
verdade.
Sam
Rilley (2º
livro)
Viúva,
mãe da Katty.
Muda-se
de Fort Worth, Texas, para Cape Cod, Massachusetts , na esperança de
refazer a sua vida.
Recupera
uma velha mansão na praia. Uma festa na Igreja de Provincetown irá
alterar radicalmente a sua vida.
Annie
Choat
Mulher
de Pedro Lage.
Morreu
num atentado em Sevilha, quando uma bomba explodiu perto da Giralda.
Pedro
Lage
Médico
emigrado em Boston.
Regressa
a Lisboa à procura de vingar a morte de sua esposa, Annie Choat.
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