UM
QUASE CONTO POUCO EDIFICANTE:
O
lance do presidente da Junta (parte 1 de 7)
D. Guida, a esposa do Presidente da Junta de Freguesia de Alforges
de Cima, levantou-se da cama com bastante dificuldade depois do ginasticado
sexo que fez com o marido. Em silêncio, roga uma praga ao maldito negócio que
parece não ter fim e tão stressado tem deixado o seu vigoroso esposo. Sabe por
experiência própria que ao marido, o stress potencia de forma insuportável o
apetite sexual.
Foi há coisa de duas semanas que um ilustre filho da terra,
Monsieure Pierre de la Croix, bisneto de um anónimo alfogerence emigrado para
frança, se propôs abrir na longínqua Alforges de Cima, o Call Center da High
Tech Global Inc, uma multinacional que desenvolve e comercializa produtos de
ponta, na área de robótica. Apesar de nenhum dos vogais da Junta
saber ao certo que coisa é essa de robótica, High e Tech, a palavra Global no
meio de tanto estrangeirismo, e ainda para mais com o dourado carimbo de
“multinacional”, empolgou de imediato os ilustres Alforgenses.
Perante a brilhante apresentação repleta de gráficos, maquetes e
muito paleio em estrangeiro, apesar da boa gente de Alforges de Cima pouco perceber
de inglês (uns brincalhões chegaram mesmo a dizer que aquilo estava cheio de
vernáculo de Rabo de Peixe, motivo porque ninguém percebeu patavina da algraviada
que Monsieure de La Criox debitou maravilhosamente) , o entusiasmo dos Vogais
da Junta incendiou-se como fogo a arder em palha muito seca.
Ainda o distinto Messiê (como alguns vogais teimam em
chamá-lo) Pierre apresentava as últimas pinceladas do maravilhoso
quadro inglês (ou de Rabo de Peixe),
já as cabeças de todos os vereadores andavam numa azáfama, antevendo avultados
lucros pessoais.
Para o Presidente da Junta, este Pierre era uma verdadeira bênção
caída dos céus. Mais que uma bênção; era a salvação para a sua empresa de
materiais de construção atualmente mergulhada numa fossa muito funda e sem
sinais de recuperação.
Mas a imaginação voa célere e na cabeça do Presidente da Junta, o
homem logo se vê chegar à sua recém revitalizada empresa de materiais de
construção num luxuoso Audi A6 de última geração. Em boa verdade ficou mais
entusiasmado com a imagem do luxuoso Audi A6 que a empresa revitalizada.
E bastou um olhar para o seu vice presidente, o Vitor da Ti Zéza, para que este percebesse
logo todo o filme: o stand de automóveis
do Vitor vai-se fartar de vender
topos de gama para toda esta malta da junta de freguesia.
Grossos maços de euros vão alegremente valsando nas cabeças dos
vogais da Junta de Freguesia de Alforges de Cima enquanto imaginam o
fantástico projeto da multinacional Tech, que também é Global, High e outras coisas maravilhosamente
estrangeiras, ser implementado na santa terrinha deles.
Quando Monsieure (como alguns teimam em tratá-lo ) Pierre de la
Croix terminou a apresentação do seu projecto, a sala magna só não veio abaixo
ao o som de palmas e vivas porque esta gente ainda tem algum decoro. Assim
sendo, apesar da vontade de gritarem e abraçarem o santo milagreiro
Messiê de La Croix, quer o Presidente quer os vogais limitaram-se a
sorrir,. Diga-se em abono da verdade que foram sorrisos muito, mas mesmo muito
gulosos. Dois ou três vereadores mais agradecidos já planeiam dar o nome deste
santo benfazejo à rua principal da Freguesia.
Mal o Messiê (para muitos vogais) Pierre de La Croix
terminou o maravilhoso discurso, logo uma cadeia de boas vontades se formou na
Junta de Freguesia e qualquer entrave ou resquício de burocracia foi imediatamente
eliminado. O terreno para tão estratégico projeto nem chegou a ser problema e o
esburacado carreiro que serve Alforges de Cima, ao tocar as doze badaladas (ou
quando for da conveniência de Messiê de La Croix), transformar-se-á numa via
rápida com duas faixas.
Ao que o Monssieure (também Messiê para alguns Alfogerences)
Pierre lhes disse que se houver via rápida, ele, Pierre de La Croix, tudo fará
para plantar uma grande superfície à entrada de Alforges de Cima.
O stress do Presidente da Camara começou quando o Messieur de la
Croix lhes disse que tinha feito esta mesma proposta à junta de Alforges de
Baixo.
Foi a partir deste dia que a D.Guida começou com um andar
estranho.
Cedo as boas gentes de Alforges de Cima começaram a especular
sobre a misteriosa doença que vai minando as pernas da pobre esposa do
Presidente da Junta e que a obriga a andar daquela forma tão esquisita.
No dia seguinte as coisas pioraram tanto para a Junta de Freguesia
como para a D. Guida. Pioraram tanto que por um momento a D. Guida, entre
gemidos e arquejos, temeu que o marido tivesse enlouquecido.
Nesse dia, o Presidente da Junta estava pela terceira vez a
cavalgar empenhadamente a D. Guida
quando desatou a gritar.
- Maldito Fagundes!
Convém explicar que não há Junta de Freguesia que se preze que não
tenha um Fagundes lá metido. Então o de Alforges de Cima é particularmente
picuinhas.
Só podia ter sido o maldito Fagundes a largar a bomba:
- A família Cruz é de Alforges de Baixo – disse perante a
incompreensão geral.
Quando aportuguesaram o nome ao Pierre, quando finalmente se
aperceberam que por cá o homem seria Pedro Cruz, ouviram-se gemidos por toda a
sala magna da Junta.
Afinal a batalha que opunha as duas Alforges tinha o jogo
viciado. O sangue e a linhagem do Pedro Cruz fazem o campo do jogo inclinar-se
perigosamente para Alforges de Baixo.
Apercebendo-se das implicações, o Presidente encheu-se de grande
stress e logo correu para casa gritando pela Guidinha enquanto, possuído por
grande nervosismo, ia despindo as calças.
(continua)
LOCAIS ONDE SE PASSA A ACÇÃO
LISBOA
GRAÇA
Anselmo Munguambe
Puto Zé
Sam (2º livro)
Pedro Lage
John Travis
Katty Ryllei (2º livro)
Jota
Teresa Belo
Inspetor Frederico de Souza
Clara de Souza
Inspetor Miguel
Anselmo Munguambe
Ex inspector criminal da DNIC Angolana, vê-se
envolvido numa investigação em Cabinda.
Tenta sem grande êxito esquecer o seu amante de Luanda, o Puto Zé.
Puto Zé
A vida, para ele é uma festa. Ou melhor: muitas
festas.
Vive-a intensamente, sem preocupações nem amarras.
Um homem que nunca
deixou se ser um puto.
Sam (2º livro)
Viúva, muda-se de Fort Worth, Texas, para Cape Cod,
Massachusetts , na esperança de refazer a sua vida.
Recupera uma velha mansão
em Cape Cod.
Uma festa na Igreja de Provincetown irá alterar radicalmente a sua
vida.
Pedro Lage
Médico
emigrado em Boston, regressa a Lisboa à procura de vingar a morte de
sua esposa, Annie Choat.
Gianpiero
Bozzo
Banqueiro
e um dos chefes da Máfia americana.
Adotou
o Pedro Lage quando este, numa arriscada intervenção cirúrgica ao
cérebro, salvou o seu filho único de uma morte certa.
Trata
por filha a Annie Choat e jurou vingar a sua morte.
Annie
Choat
Mulher
de Pedro Lage.
Morreu
num atentado em Sevilha, quando uma bomba explodiu perto da Giralda.
John Travis
Ex. mercenário
Sul Africano.
Participou com o Carlos Parreira no massacre de Nyarubuye.
Banido de uma força privada de segurança, procura junto do amigo um emprego na
Elad, a empresa angolana de lapidação de diamantes.
Katty Ryllei (2º livro)
Filha da Sam.
Com o inseparável Bob, o amigável
pastor belga, calcorreia alegremente as praias de Cape Cod.
Um dia, dá com um homem no topo da sua duna preferida.
Jota
Inspector criminal da DNIC Angolana. Coordena uma
investigação em Cabinda e tenta não saír chamuscado deste mediático caso.
Kiese
Jovem
agente da policia de Cabinda.
Durante
demasiado tempo investigou sozinho o caso das jovens desaparecidas.
Com a chegada dos reforços vindos de Luanda, o seu equilíbrio
ameaça desintegrar-se.
Prostituta de luxo com uma visão positiva, confiante
e muito gratificante da vida.
Não fosse a enorme obsessão do Carlos Parreira por ela e, sim,
era caso para dizer:
la vie en rose.
Inspetor Frederico de Souza
Reformado
da PJ.
Apesar de ter colaborado marginalmente no caso do atentado em Sevilha, a impunidade do ato leva-o a encetar uma obsessiva cruzada em busca da verdade.
Apesar de ter colaborado marginalmente no caso do atentado em Sevilha, a impunidade do ato leva-o a encetar uma obsessiva cruzada em busca da verdade.
Edward
Choat (2º
livro)
Pai
da Annie.
Devastado
pela morte da filha, tenta preservar as memórias num caderninho que
leva consigo para todo o lado. Subitamente, numa visita ao
Pedro Lage, o seu quotidiano sofre uma dramática alteração.
Clara de Souza
Esposa do Inspetor Frederico.
Preocupada com a
obsessão do marido pelo insolúvel caso de Sevilha, reúne todas as forças para
lutar por ele, tentando resgatá-lo do
crescente alheamento que o atormenta.
Inspetor Miguel
Miguel
Lacerda
Inspetor
da PJ. Desencantado com a vida, com a ex mulher e com a reforma que
teima em fugir.
A
estranha ligação de um banqueiro assassinado a uma prostituta
desaparecida ameaçam estragar o Natal cuidadosamente preparado com a
sua filha.
Chefe
Mike (2º livro)
O
chefe Mike tem uma boa vida na tranquila Provincetown, e tem-na
aproveitado ao máximo. A chegada de um forasteiro irá complicar
muito a pacatez do bom Xerife. E com ele surge o primeiro
assassínio na pacífica povoação de Cape Cod.
Sam
Rilley (2º
livro)
Viúva,
mãe da Katty.
Muda-se
de Fort Worth, Texas, para Cape Cod, Massachusetts , na esperança de
refazer a sua vida.
Recupera
uma velha mansão na praia. Uma festa na Igreja de Provincetown irá
alterar radicalmente a sua vida.
Katty
Rilley (2º livro)
Filha
da Sam.
Com
o inseparável Bob, o amigável pastor belga, calcorreia alegremente
as praias de Cape Cod. Até ao dia em que dá com um homem solitário
no topo da sua duna preferida.
Pedro
Lage
Médico
emigrado em Boston.
Regressa
a Lisboa à procura de vingar a morte de sua esposa, Annie Choat.
Annie
Choat
Mulher
de Pedro Lage.
Morreu
num atentado em Sevilha, quando uma bomba explodiu perto da Giralda.